Um juiz da Califórnia decidiu contra a Tesla, suspendendo a capacidade da empresa de conduzir negócios no estado por 30 dias devido ao que o tribunal considera práticas de marketing enganosas em torno de seus sistemas “Autopilot” e “Full Self-Driving Capability” (FSD). A decisão, em vigor a partir de 15 de janeiro, exige que a Tesla deixe de usar estes termos ou atualize fundamentalmente a sua tecnologia para justificá-los.
O cerne da disputa
O Departamento de Veículos Motorizados da Califórnia (DMV) apresentou uma queixa argumentando que “Piloto Automático” e “FSD” deturpam o nível real de autonomia fornecido pelos recursos de assistência ao motorista do Tesla. De acordo com os níveis de automação da Administração Nacional de Segurança no Trânsito Rodoviário (NHTSA), os sistemas da Tesla são atualmente classificados como Nível 2 – o que significa que requerem atenção total do motorista – enquanto os nomes implicam Nível 3 ou superior (automação condicional ou totalmente autônomo).
A juíza, Juliet E. Cox, manteve a autoridade do DMV para regular a publicidade de veículos, afirmando que os danos ao consumidor não são um pré-requisito para a aplicação. A Tesla declarou abertamente a sua intenção de desafiar a ordem, uma medida que pode resultar em sanções adicionais se não for resolvida no prazo de 60 dias.
Contexto e implicações mais amplas
Este caso não é isolado. Segue uma tendência de aumento do escrutínio legal sobre o sistema Autopilot da Tesla, especialmente após o veredicto de julho na Flórida, onde a empresa foi condenada a pagar mais de US$ 240 milhões em danos após um acidente fatal envolvendo o Autopilot. Esta foi a primeira vez que um tribunal considerou a Tesla pelo menos parcialmente responsável por um acidente causado pela tecnologia.
Por que isso é importante: O debate sobre as convenções de nomenclatura de veículos autônomos destaca uma questão crítica. O marketing enganoso pode minar a confiança do público, especialmente quando a segurança está envolvida. Os limites entre a assistência ao condutor e a autonomia total são confusos e os consumidores podem sobrestimar as capacidades de um veículo se a marca sugerir o contrário.
Resposta e perspectivas futuras da Tesla
Tesla, aparentemente implacável, publicou recentemente um vídeo mostrando um “robotáxi” Tesla sem motorista em Austin, Texas, com a legenda “Apenas dizendo”. Esta medida é vista por muitos como um desafio direto à autoridade do tribunal.
Apesar das batalhas jurídicas, alguns estudos sugerem que sistemas avançados de assistência ao condutor, mesmo com as suas limitações, podem contribuir para a segurança rodoviária global. No entanto, o impacto a longo prazo destas tecnologias nos acidentes e na responsabilidade civil continua a ser uma história em desenvolvimento.
A decisão da Califórnia sublinha a crescente tensão entre a visão ambiciosa da Tesla para a condução autónoma e a necessidade de uma representação precisa do consumidor. Se a Tesla continuar a resistir, corre o risco de mais conflitos legais e potenciais restrições de mercado fora da Califórnia.





























